31 de agosto de 2009

[EBP-Veredas] A Diretoria da EBP-SP CONVERSOU



A DIRETORIA DA EBP-SP CONVERSOU:


A diretoria da EBP-SP retoma a ideia de fazer circular entre nós as atividades propostas e realizadas na Seção São Paulo.

Para isso, inaugura a rubrica: A DIRETORIA DA EBP-SP CONVERSOU, que contará com a contribuição dos analistas de nossa comunidade, tendo sempre, como ponto de partida, a transmissão da psicanálise.


Nesta oportunidade, as atividades de 20 de junho, do primeiro semestre 2009.


Poderemos, então, acompanhar pela resenha de Blanca Musachi, a primeira atividade da Diretoria de Intercâmbio e Cartéis, que propôs uma conversação sobre a atualidade dos Cartéis. Essa atividade foi realizada na sede da EBP-SP em 20 de junho de 2009 e a conversação teve como orientação a leitura dos textos: “A psiquiatria inglesa e a guerra” (1947), de Jacques Lacan e “No cartel se pode obter um camelo”, de Mauricio Tarrab. Essa atividade teve como resultado a proposta de uma próxima atividade em 14 de novembro.


É tradição das Diretorias de Biblioteca da EBP promover atividades de discussão da psicanálise a partir de livros, de filmes, ou seja, buscar um diálogo entre a psicanálise e outras disciplinas assim como com as diversas manifestações da Arte. A Diretoria Geral da EBP-SP propôs o filme if... de Lindsay Anderson, a fim de discutir e entender melhor a referência que Lacan faz desse filme na última aula do Seminário 16, “De um Outro ao outro”. Isso pode ser agora apreciado através da resenha de Maria de Lourdes Mattos.


A próxima atividade será em 14 de novembro de 2009.

Boa leitura!

Perpétua Medrado



Diretora de Biblioteca EBP-SP


Resenha Conversação sobre Atualidade dos Cartéis na EBP-SP Na primeira atividade desta Diretoria de Intercâmbio e Cartéis propusemos uma conversação sobre a atualidade dos cartéis na EBP-SP.


Escolhemos a forma conversação por ser este um dispositivo de elaboração coletiva, que nos permitiu colocar em dia o que se sabe do funcionamento dos cartéis; da importância de uma estrutura a favor de fazer avançar a psicanálise; da importância dos cartéis para a formação dos que se aproximam à psicanálise de orientação lacaniana, das novas formas possívesis dos cartéis (ampliados, fulgurantes, etc.); da função do Mais-Um.


Num clima descontraído e com entusiasmo os participantes colocaram suas questões, que foram orientadas a partir da leitura de alguns textos como o de Lacan “A psiquiatria inglesa e a guerra” e o de Mauricio Tarrab “No cartel se pode obter um camelo”.


Como efeito dessa elaboração coletiva resgatou-se a importância do cartel como porta de entrada à Escola, que permanece atual, e que já deu lugar ao interesse de constituir novos cartéis entre os participantes; a proposta de fazer uma pasta com material bibliográfico sobre cartéis que estará disponível na biblioteca da EBP-SP; assim como a proposta de uma próxima atividade neste segundo semestre, que se chamará “Atreve- te, a saber,” título surgido de comentários dos participantes a partir do texto do Tarrab.


Blanca Musachi



Diretora de Intercâmbio e Cartéis da EBP-SP


No dia 20 de junho a EBP-SP, sob coordenação da diretora de Biblioteca, exibiu o filme if...., de Lindsay Anderson, datado de 1968.


Lacan, no Seminário 16, “de um Outro ao outro”, no último capítulo, intitulado “A extasiante ignomínia da homela”, faz uma referência a esse filme, cuja temática - a história da revolta de estudantes de uma escola tradicional inglesa – guarda certa semelhança com o contexto histórico político da época, incluindo seu ensino. Como bem considerou Lacan, nessa aula de 25 de junho de 1969, ele e seus trezentos alunos estão sendo “evacuados” da Escola Normal Superior, onde os Seminários eram proferidos desde 1963.


Entre os convidados para o debate estavam: Marco Antonio Guerra, professor, doutor da ECA - USP , e as psicanalistas Cássia Maria Rumenos Guardado, Diretora da Seção EBP-SP e Maria do Carmo Dias Batista. A coordenação da mesa foi feita por Perpétua Medrado, Diretora de Biblioteca da EBP-SP.


Cássia pontuou que homela se refere à cena do filme em que a mulher do reitor passeia nua no dormitório dos estudantes passando a mão nos objetos pessoais, enquanto eles faziam treinamento militar no pátio. O termo diz respeito ao gozo próprio, singular da mulher e a uma posição servil, que serve ao saber do mestre. Como mulher do reitor, serve ao saber do homem (homem - ela), representa a Universidade, considerada por Lacan como uma instituição feudal. Diferente do filme, cuja saída é pela via da violência, Lacan ao entregar aos alunos, “aos trezentos evacuados”, as cópias da carta do diretor da Escola Normal pedindo sua saída, como se fosse um diploma, propõe a saída pela via do significante.


Marco Antonio Guerra trouxe contribuições importantes sobre o contexto histórico, político e cultural da época. Considerou if.... como um mini maio de 68, representando o panorama da sociedade Ocidental do período. Comentou sobre o movimento da contracultura, que entre os inspiradores teve Herbert Marcuse, autor de Eros e Civilização, que ao criticar o mundo capitalista colocava como proposta as comunidades alternativas auto-sustentáveis. Ressaltou que a nova esquerda do Brasil foi influenciada por esse movimento, o que propiciou, além das lutas por mudanças políticas e sociais, o questionamento dos valores comportamentais vigentes.


Maria do Carmo levantou uma questão importante do filme que apresenta as cenas de sadomasoquismo em sua vertente sádica, onde o masoquismo está praticamente ausente. Para nós esse aspecto é inquietante, levando-se em conta que essa dupla é inseparável.



Maria de Lourdes Mattos

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